Artigos do Presidente

20 de janeiro de 2019

Ajustando o foco: Vamos olhar para os micro e pequenos

Por Marcelo Queiroz

Presidente do Sistema Fecomércio RN e presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae RN

Por várias vezes aqui neste espaço que, generosamente, a Tribuna do Norte me abre periodicamente, eu abordei a crença que tenho de que a única maneira de promover um desenvolvimento econômico e social verdadeiramente sustentável é estimular a geração de emprego e renda para o povo. Tenho plena e inabalável convicção disso. Busco, por onde passo, disseminar esta ideia e defender este conceito. Na semana que passou, tive a honra de ser solenemente empossado presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae RN, cargo para o qual fui conduzido, de maneira unânime, por um colegiado composto por representantes das principais entidades empresariais do estado, além de órgãos vinculados aos governos federal e estadual.

Este artigo foi publicado em 20 de janeiro de 2019 no jornal Tribuna do Norte

Pois bem. Tenho pela frente mais um desafio em minha vida, entre tantos que já encarei. Um deles, o mais fácil e natural, é garantir que aquela instituição continue realizando o trabalho de excelência que a fez respeitada, admirada e acreditada em todo o Rio Grande do Norte. Digo que esta é a mais fácil, não porque é um trabalho pequeno (nos últimos cinco anos, para se ter uma ideia, foram mais de 711 mil horas de consultoria, 5.200 cursos e quase 369 mil orientações técnicas prestadas). Digo, sim, porque sei que poderei contar com a competência e experiência de uma diretoria executiva alinhada com este pensamento e, principalmente, com um corpo técnico e de colaboradores cuja expertise é conhecida e reconhecida há tempos em todo o estado e até no país.

O outro grande desafio que temos na presidência do CDE do Sebrae RN é justamente o de mudar o foco da sociedade e do poder público, primeiro para este esforço coletivo de estímulo à geração de emprego e renda e, segundo, para convencê-los, de maneira definitiva, que é impossível fazer isso se não olharmos para os micro e pequenos negócios.

Os números não deixam dúvida da importância deles. Temos, no Rio Grande do Norte, um total de 222.966 empresas. Deste total, nada menos que 195.508 (86,78% do total) são Microempreendedores Individuais (100.460), Microempresas (84.893) ou Pequenas Empresas (8.155). Um detalhe: de todas as empresas do estado, mais de 83% estão nos segmentos de Comércio e Serviços.

E esta maioria dos pequenos empreendedores também está muito bem retratada quando tomamos os números do emprego formal no Rio Grande do Norte ao longo do ano de 2018. Infelizmente, o Ministério do Trabalho ainda não fechou os dados de dezembro, mas, considerando o período até novembro, o saldo entre demissões e admissões de trabalhadores com carteira assinada no nosso estado é de quase 8 mil vagas (exatas 7.866). Deste total, o saldo das micro, pequenas e médias empresas foi de 7.582 vagas, ou seja, nada menos que 96,4% de todo saldo positivo. Apenas 284 vagas foram abertas pelas empresas de maior porte. Tem mais: se tomarmos apenas a microempresas (aquelas com até 4 empregados), o saldo positivo delas foi de mais de 10 mil vagas no período (pequenas e médias empresas tiveram, juntas, um saldo negativo de 3.306 vagas).

Ou seja, basta olhar os números e analisá-los. Claro que grandes empresas que venham se instalar no nosso estado serão sempre muito bem-vindas. Mas, para mim, está claro que a transformação econômica e social que sempre buscamos jamais virá de fato se não estimularmos as micro e pequenas empresas.

A governadora Fátima Bezerra, durante a solenidade de nossa posse, se comprometeu com o envio de três projetos à Assembleia Legislativa que, com certeza, serão fundamentais para vivermos este novo tempo. O primeiro projeto cria o Plano Estadual de Compras do Governo do Estado do RN, para dar atenção aos pequenos empreendedores, como forma de fortalecer seus negócios e produção. Outro é o Programa Estadual de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o terceiro pretende criar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial direcionado para as micro e pequenas indústrias.

São grandes passos. Que sejam os primeiros de muitos. E que possamos desenvolver as micro e pequenas empresas potiguares que, com elas, trarão junto o crescimento econômico e social do nosso povo. Vamos encarar juntos este desafio?

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