O Rio Grande do Norte registrou em 2024 a maior receita turística de sua história: R$ 11,3 bilhões, segundo estudo inédito do Instituto Fecomércio RN, apresentado nesta quinta-feira (16) durante o Encontro do Projeto Vai Turismo, no Hotel-Escola Barreira Roxa. O levantamento traz elementos para análises em níveis nacional, regional, estadual e até municipal, mostrando o peso do segmento na economia. O trabalho revela, por exemplo, que o turismo potiguar cresceu 57,4% no pós-pandemia, desempenho superior à média nacional e que posiciona o estado como o 2º do Nordeste e o 4º do país em participação do turismo na economia (6,62%).
O estudo ainda evidencia forte concentração geográfica no RN: o Litoral Sul responde por R$ 9,1 bilhões — 80,83% da receita turística estadual — e, somado ao Litoral Norte, concentra 84,95% da arrecadação, sinalizando que ainda há predominância do turismo de sol e mar no território potiguar. Outro dado aponta que, no recorte acumulado (2006–2024), o RN cresceu 165,3% na receita turística, acima da média brasileira (152%), mantendo participação na receita turística nacional na faixa de 0,9% a 1,1%.
Na capital, o desempenho foi igualmente expressivo: Natal alcançou R$ 6,6 bilhões em receita turística em 2024 — recorde histórico — e concentra 58,14% da arrecadação estadual. A cidade reúne cerca de 19,8 mil empregos formais diretos ligados ao turismo e é a capital do Nordeste onde o setor tem maior peso na economia local (11,84%), ocupando a 5ª posição entre as capitais brasileiras. Em escala municipal, destaca-se Tibau do Sul, onde o turismo representa 58,46% da base econômica local.
Para o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, os resultados reforçam a necessidade de integrar governança, inteligência de dados e ações de sustentabilidade para ampliar os benefícios econômicos do turismo a mais regiões do estado. “O diagnóstico apresentado aponta caminhos práticos para qualificação da oferta, atração de investimentos e promoção de destinos alternativos ao eixo litorâneo, contribuindo para desconcentração e maior distribuição de renda”.
A composição produtiva do setor no estado mostra que, em 2024, 81,9% da remuneração do turismo estava concentrada em serviços às famílias; transporte responde por 11,4% e cultura e lazer por 6,7%. O estudo estima ainda um impacto potencial do turismo de 10,52% sobre a economia potiguar — também superior à média nacional — o que reforça a relevância do setor para políticas de desenvolvimento e geração de emprego.
O economista da Fecomércio RN, William Figueiredo, destaca que o estudo mapeia 70 atividades vinculadas ao turismo — de hospedagem e alimentação à cultura, lazer e transporte — e traz uma análise importante que permite comparar a evolução entre os 5.570 municípios brasileiros. “É uma ferramenta que apoia decisões do poder público e orienta investimentos do setor privado, mostrando onde há dinamismo e oportunidades para novos hotéis, restaurantes e outros serviços”, explica.
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Tibau do Sul é destaque nacional
Com base na análise do IFC, Tibau do Sul (RN) é o município com maior peso econômico do turismo no RN: o setor representa 58,46% da economia local, o único município do estado com participação superior a 50% no PIB privado. Neste cenário, a localidade de Pipa é o principal polo turístico responsável por essa concentração — descrita no estudo como “único município com mais de 50% da economia movida pelo turismo”.
Os números ainda mostram que turismo na localidade supera de longe as médias estadual (6,62%), regional (5,64%) e nacional (5,31%), consolidando-o como um dos destinos mais turísticos do Brasil.
Entre os municípios brasileiros, Tibau do Sul ocupa a 7ª posição nacional em participação do turismo na economia privada — à frente de destinos tradicionais como Porto Seguro (BA) e cidades litorâneas de Santa Catarina.
Destaque regional e panorama nacional
No Nordeste, o Rio Grande do Norte reforça sua posição de protagonismo: além de ser o 2º estado da região onde o turismo tem maior peso na economia, Natal lidera entre as capitais nordestinas com o maior peso do setor (11,84%). Por outro lado, quando é analisada a receita gerada pelo setor (ou seja, o montante que é produzido sem considerar sua participação no geral do estado) Bahia, Pernambuco e Ceará aparecem como líderes no ranking estadual.
Em nível nacional, o estudo conjunta-se a indicadores que mostram um ano forte para o turismo brasileiro: a receita do setor atingiu recorde de R$ 1,11 trilhão em 2024. A participação do turismo no setor privado do PIB brasileiro alcançou 5,63% em 2024. O setor registrou crescimento de 4,8% em 2024, acima da média da economia (3,4%), e a receita do turismo no ano ficou próxima do dobro do observado em 2019, demonstrando forte recuperação pós-2020.
Encontro Vai Turismo
O Vai Turismo – Rumo ao Futuro é uma iniciativa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), conduzida pelo seu Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur), que atua como um movimento nacional para articular poder público, setor privado e sociedade civil na construção de uma agenda estratégica para o desenvolvimento sustentável dos destinos brasileiros.
O coordenador do Cetur, Alexandre Sampaio, esteve em Natal para a realização do encontro que está circulando em todo o Brasil para mostrar os resultados dos últimos três anos do programa. Ele destacou também a importância dos dados coletados pela Fecomércio RN que vão reverberar em nível nacional.
“O turismo é um setor muito importante para o Brasil e essa iniciativa pioneira da Fecomércio RN merece ser parabenizada, pela abrangência e inclusão de diferentes regiões ao circuito turístico do Brasil. Certamente, esta será uma proposta que será incluída no Vai Turismo, promovendo a percepção de valor do segmento para a economia”, declara.