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20 de dezembro de 2023

Quarta queda consecutiva da confiança dos comerciantes acende alerta para desafios em 2024

No mês, a redução foi de 1,4%. No ano, Icec caiu 13,2%.

A confiança dos comerciantes brasileiros registrou sua quarta queda consecutiva em dezembro, de acordo com o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice atingiu 108,9 pontos, tendo uma redução mensal de 1,4%, descontados os efeitos sazonais, mas ainda se mantém na zona de satisfação. Essa sequência de retrações levanta preocupações em relação às perspectivas para o setor no próximo ano.

Na comparação com dezembro de 2022, a queda foi ainda mais expressiva, de 13,2%. “A trajetória descendente que observamos ao longo do ano pode ser atribuída a diversas incertezas, como as preocupações com possíveis aumentos da carga de impostos após a aprovação da reforma tributária e os sinais de um ambiente econômico desafiador em 2024”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Índice pode chegar à insatisfação em maio

Embora o Icec se mantenha acima da pontuação que indica satisfação, ela está no menor patamar desde julho de 2023. Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, a persistência das quedas sugere que o limiar de 100 pontos, que representa a inflexão para a insatisfação, pode ser rompido em maio de 2024.

O principal fator da queda da confiança dos empresários foi o indicador que aponta a percepção sobre as condições atuais da economia, que diminuiu 3,1% em relação ao mês anterior. Essa tendência de queda das expectativas econômicas reflete-se em outros indicadores, como a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada pela CNC, nesta terça-feira (19 de dezembro), e nas revisões para baixo das projeções de crescimento econômico para 2023, conforme indicado nos relatórios do Boletim Focus.

Maioria diz que vendas pioraram

A pesquisa destaca que seis em cada dez empresários perceberam uma piora no desempenho das vendas em dezembro, o maior percentual desde junho de 2021. O resultado decepcionante da Black Friday de 2023 materializa o pessimismo refletido tanto no Icec quanto na ICF.

Houve queda de quase todos os subindicadores referentes às análises das condições atuais e futuras, mas em menor expressão do que em novembro, no comparativo com outubro – a exceção foi o indicador que trata da expectativa para a economia no futuro próximo, que caiu 0,7% (em novembro, a diminuição havia sido de 0,2%). Conforme Felipe Tavares, as festas de fim de ano não foram suficientes para reverter o cenário econômico desafiador observado anteriormente.

“A desaceleração do crescimento do comércio ampliado, conforme apresentado nos resultados da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE para agosto, setembro e outubro, contribui para essa perspectiva mais moderada da expectativa econômica no Icec”, explica o economista-chefe. Por outro lado, as perspectivas dos varejistas para a dinâmica da economia, do comércio e de suas próprias empresas nos próximos seis meses diminuíram 0,4%, a pior taxa desde agosto, quando houve um crescimento de 0,1%.

Considerando a percepção em relação ao setor, os varejistas reduziram em maior grau sua intenção de investir na própria empresa, apresentando uma queda de 1,4% em dezembro. A intenção de contratar funcionários diminuiu 2,3% no mês e 11% em relação a dezembro de 2022 e a de investir caiu 1,7% no mês e 12,9% no ano. “O alto nível dos juros para pessoas jurídicas e a inadimplência das empresas atingindo o maior nível desde junho de 2018, de 3,5%, contribuíram para esse recuo nos investimentos, representando dificuldades para que os estabelecimentos possam manter seu fluxo de capital”, avalia Felipe Tavares.

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