CNC aponta queda na inadimplência grave, mas alerta para risco caso o comprometimento da renda aumente
O percentual de famílias endividadas em Natal caiu para 83,5% em julho de 2025, ante 86,4% em julho de 2024, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Apesar da retração, Instituto Fecomércio RN (CNC), analisa que o patamar segue alto, indicando que a maioria das famílias mantém algum tipo de débito.
A inadimplência também apresentou redução: 40,1% das famílias declararam ter contas em atraso — queda relevante frente aos 52,2% registrados em igual mês do ano anterior. Mais significativo ainda, apenas 1,6% disseram não ter condições de pagar seus débitos atrasados, índice muito inferior à média nacional (12,7%) e a capitais como Fortaleza e Recife. Esses números sugerem um perfil de endividamento mais gerenciável, embora ainda pressionado.
No perfil da dívida, o cartão de crédito domina com 88,7% dos casos, seguido por carnês (20,8%), cheque especial (11%) e financiamentos imobiliários (7%). O uso de instrumentos de alto custo, como cheque especial e cheques pré-datados (9,2%), mantém o risco de agravamento do endividamento caso não haja ajuste na renda das famílias. O tempo médio de atraso caiu para 42 dias, abaixo da média nacional (64 dias), o que indica maior prioridade na quitação das parcelas.
“o endividamento segue alto, mas com sinais positivos de controle da inadimplência e maior capacidade de pagamento, o que pode ser fruto de uma reeducação financeira forçada pela crise. O grande desafio segue sendo o comprometimento elevado da renda, que limita o consumo, trava o crédito e pressiona a qualidade de vida”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.
O estudo destaca fatores que pressionam o consumo local — inflação persistente de serviços (energia e alimentação fora de casa), juros elevados (Selic em 15% em julho/25) e queda da renda média no Rio Grande do Norte (-1,6% no último trimestre, segundo PNAD). No curto prazo (de 2 a 3 meses), a tendência é de manutenção ou leve recuo no endividamento; no médio prazo (6 a 12 meses), cortes na Selic e eventos sazonais podem reaquecer o crédito, exigindo vigilância sobre inadimplência.
Para 2026, o relatório sinaliza risco de retorno da inadimplência estrutural caso o comprometimento de renda — hoje em 34,6% da renda familiar média no RN — volte a subir.