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15 de julho de 2015

Alta nas tarifas de energia impulsiona negócios de geração distribuída com placas solares

O aumento das tarifas de energia elétrica no Brasil favorece uma rápida expansão da geração solar distribuída, com instalação de painéis fotovoltaicos por consumidores, comércios e indústrias, disseram investidores e especialistas.

Empresas do segmento, muitas das quais são startups, já oferecem pacotes que incluem financiamento para a instalação dos equipamentos, embarcando em um modelo em que o consumidor gera a própria eletricidade e recebe créditos em troca de eventuais excedentes.

A alternativa chamou a atenção também do governo, com o Ministério de Minas e Energia pretendendo lançar neste semestre um plano de incentivo à geração distribuída, enquanto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) conduz uma audiência pública para discutir medidas que poderiam levar o país a sair praticamente do zero e atingir 2 gigawatts em geração distribuída em 2024– equivalentes à potência instalada das usinas nucleares de Angra, no Rio de Janeiro.

O sócio da SolarGrid, Henrique Loyola, que vendeu participação que detinha na corretora XP Investimentos para apostar na microgeração de energia elétrica, estima que para atingir a capacidade projetada pela Aneel serão necessários investimentos de 15 bilhões a 20 bilhões de reais.

“O Brasil é uma enorme oportunidade em geração solar. As tarifas estão muito altas, a radiação solar é muito forte e o mercado é praticamente inexplorado”, disse Loyola à Reuters.

O diretor da consultoria E&Y Mario Lima destacou que, além disso, instalações solares podem ser concluídas rapidamente, o que é uma vantagem no momento em que o país busca sair da maior crise de oferta de energia elétrica desde o racionamento, em 2001.

De acordo com estimativa do Banco Central, as tarifas de energia elétrica devem subir neste ano em média 41 por cento, depois de terem subido cerca de 17 por cento no ano passado, tornando mais competitiva a geração distribuída.

“Geração de energia elétrica, particularmente eólica e solar, é basicamente o único setor de fora da atual crise econômica pela qual passa o Brasil”, disse Lima.

 

Na SolarGrid, Loyola espera passar dos atuais 50 clientes para cerca de mil até o fim do ano. Ele estima que os equipamentos solares se pagam em oito anos, a depender da região. “Ainda é um pouco longo, mas depois que você paga tudo, o negócio continua te rendendo uma taxa de retorno alta.”

Mesmo grandes empresas de distribuição de energia elétrica, que poderiam ver na geração distribuída uma ameaça, uma vez que o modelo reduz a demanda por eletricidade na rede, estão interessadas em entrar no segmento.

“A região metropolitana de São Paulo tem um grande potencial para a geração distribuída…muitas pessoas com alto poder aquisitivo e elevado consumo de energia”, disse à Reuters, em entrevista recente, o presidente do grupo AES Brasil, Britaldo Soares.

O executivo afirmou que a AES Brasil analisa algumas soluções de geração distribuída utilizadas nos Estados Unidos por sua controladora, a AES Corp, para possivelmente replicar o modelo em São Paulo.

A CPFL Energia, que controla distribuidoras no Estado de São Paulo, também tem oferecido soluções de geração distribuída por meio de sua subsidiária de comercialização de eletricidade, a CPFL Brasil, que oferece soluções de eficiência energética.

“Os painéis fotovoltaicos são uma demanda que temos visto nos clientes”, comentou o presidente da CPFL Brasil, Daniel Marrocos, em entrevista à Reuters na semana passada.

O executivo disse que os aumentos no preço da energia abrem espaço para oferecer soluções como essa em contratos que prevejam, por exemplo, remuneração de acordo com a energia economizada pelo cliente após a instalação ou a compra e instalação dos equipamentos em modelo de leasing.

*Fonte: Reuters

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