No final do ano passado, escrevi aqui, neste mesmo espaço, algumas linhas sobre o cenário sombrio sob o qual estávamos terminando o ano de 2014. Ainda não tinha todos os dados – alguns dos quais só foram disponibilizados já no mês de janeiro e outros até mesmo em fevereiro. Por isso, faço questão de atualizá-los.
Fechamos 2014 com uma taxa de inflação oficial de 6,41%, com o detalhe de que a Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, apontou um percentual de 6,87%. As vendas do varejo potiguar registraram alta de 2,2%, o que equivale a pífios 25% dos 8,8% que havíamos crescido em 2013. Em números absolutos, estimamos uma queda de R$ 1,7 bilhão no faturamento do varejo do estado. Contabilizamos, no Comércio, 2.932 novas vagas formais, um número que é cerca de 24% menor que os pouco mais de 3.800 que abrimos em 2013. Os juros médios ao consumidor bateram na casa dos 6,3% ao mês, maior patamar desde 2006 e isso quando a Selic estava, ainda, em 11,5% ao ano.
Sem dúvidas, um cenário aterrador, assustador e hostil ao setor produtivo e à economia como um todo.
Estouraram os fogos de um novo ano e enchemo-nos – como é de costume, ainda mais entre nós, brasileiros que nunca desistimos – de esperanças de que as notícias melhorassem. Mas, infelizmente, prestes a fecharmos o primeiro trimestre deste ano novo, não é isso que temos visto.
A Selic está em 12,75% ao ano e já há quem diga que ela caminha para se aproximar da barreira dos 14% ao ano, muito em breve. Isso, claro, impacta em todo o crédito do mercado. O governo dobrou o IOF sobre operações de crédito, encarecendo ainda mais o dinheiro. Estamos na iminência de ver crescer consideravelmente os custos das empresas, graças às mudanças na desoneração do INSS sobre a folha de pagamento – que é hoje alvo de uma indesejável queda de braços entre Executivo e Legislativo no plano federal – e ao aumento do número de dias de licença médica de um colaborador com ônus para a empresa (de 15 para 30).
Também vimos aumentos represados durante a campanha eleitoral serem despejados de uma vez nas nossas cabeças, nos custos das empresas e da população. Combustíveis e energia elétrica, por exemplo, foram majorados em patamares ainda maiores do que se imaginava, graças ao retorno da famigerada CIDE (no caso dos combustíveis) e à crise hídrica (no caso da energia elétrica).
Por fim, quando resolveu cortar na própria carne – como sua primeira e, até agora, única contribuição ao desejado ajuste fiscal – o governo retirou R$ 22,7 bilhões de seu orçamento, sendo a maior parte, num total de R$ 12,2 bilhões, da educação e dos investimentos, duas áreas fundamentais para a promoção do crescimento econômico.
Some-se a todo este cenário um dólar ultrapassando a barreira dos R$ 3 e um clima tenso nas ruas e no relacionamento entre os poderes, e temos o que um editorial da Revista Veja já chamou de “a tempestade perfeita”. O clima é ainda mais inóspito e desanimador.
Mas eu sigo sendo um otimista. Como representante da classe produtiva, tenho dito a meus pares e a todos com quem convivo que a hora é de arregaçarmos as mangas e trabalharmos. Ainda mais.
Somos maiores que esta crise. O Brasil é maior que qualquer crise. E, juntos, todos nós – empresários, trabalhadores, estudantes, políticos, autoridades, empreendedores -, precisamos redobrar nossos esforços para superá-la. Repito: com cada vez mais trabalho e mais empenho. Criando, inovando, otimizando e investindo. Acreditando que somente nós mesmos temos o poder de construir um amanhã melhor para nosso país. Afinal, o Brasil somos nós.
Marcelo Queiroz
Presidente do Sistema Fecomércio RN
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