Tenho sido um entusiasta do ritmo de retomada da nossa economia. Desde o início do segundo semestre de 2017, quando as vendas do Comércio Varejista voltaram a registrar alta, temos visto alguns indicadores positivos que nos fizeram entrar 2018 bastante otimistas.
Listá-los é fácil: juros da economia em queda (atingido o piso histórico de 6,5% ao ano); inflação caindo vertiginosamente (2,7% nos doze meses encerrados em abril deste ano); entrada em vigor das novas regras trabalhistas; redução da inadimplência das famílias e diminuição do ritmo de fechamento de vagas no mercado formal de trabalho. Tudo isso aponta para um 2018 bem melhor do que foi 2017. Isso ainda é um fato. Mas, infelizmente, algumas luzes amarelas começam a piscar e precisam de nossa atenção.
Mesmo falando sempre em tom otimista e esperançoso por dias melhores na nossa economia, todas as vezes em que fui instado a fazer projeções para este ano, eu fiz questão de dizer que ainda era cedo e que os resultados que serão registrados lá em dezembro dependeriam, e muito, de algumas medidas que os Poderes Públicos precisavam tomar.
São muitas, mas é possível resumi-las no que seria o objetivo comum de todas elas: o reequilíbrio fiscal e financeiro do Estado, em suas três esferas. Sem isso, nossa retomada será não apenas um “voo de galinha” (analogia para classificar algo curto e com pouca altitude) mas poderá ser um crescimento tal e qual a viúva da famosa novela dos anos 80, a que “foi sem nunca ter sido”, ou seja, a retomada do crescimento poderá ficar apenas no plano das esperanças e dos ensaios.
Vivemos recentemente uma crise absurda no segmento de combustíveis, criada basicamente por uma sequência de erros do Planalto que, em um primeiro momento, irresponsavelmente, represou aumentos de preço e instituiu uma política de reajuste para o setor completamente demagógica e politiqueira. Na sequência, sem conseguir reequilibrar as contas – basicamente por fraqueza política – o mesmo Planalto, já “sob nova direção” se vê as voltas com um dilema: precisa atuar para o preço cair no mercado interno, mas não pode abrir mão dos impostos e contribuições que incidem sobre gasolina, diesel e etanol, sob pena de complicar ainda mais o seu caixa e afundar de vez os superendividados estados brasileiros.
Percebam que o dilema – a exemplo do que aconteceu com o fato de todo o país ter ficado refém do protesto dos caminhoneiros, por termos, há décadas um modelo de transportes inexplicavelmente baseado no modal rodoviário – é fruto da própria incompetência estatal.
Este é apenas um – embora muito contundente e oportuno – exemplo do quão danosa para a economia e para a sociedade como um todo é esta situação de desequilíbrio das contas públicas. Já vínhamos sentindo isso na falência dos serviços de saúde, educação e segurança que estão longe, muito longe, do ideal. Mas esses danos vão muito além.
Nunca é demais lembrar que uma parcela bastante relevante dos recursos que circulam na economia nacional depende, diretamente, do Estado, em todas as suas esferas. No Rio Grande do Norte, por exemplo, somente o Executivo estadual injeta quase um terço da massa salarial paga por aqui. Quando somamos os demais servidores públicos, esta parcela sobe a mais de 50%. Isso sem contar que os poderes públicos são também grandes compradores de produtos e serviços.
Fica muito claro, portanto, que é impossível consolidar uma retomada do nosso crescimento econômico sem o reequilíbrio estatal. E, infelizmente, ao que parece, este reequilíbrio não é algo que possamos dizer que está próximo. Por isso mesmo é de extrema importância que, com o acendimento desta luz amarela, todos nós possamos cobrar dos candidatos que postularem cargos públicos nas eleições de outubro próximo a apresentação de propostas claras para enfrentar este problema. Não temos tempo a perder!
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