Por Marcelo Queiroz
Presidente do Sistema Fecomércio RN
Temos assistido, apreensivos, nos últimos dias, a uma preocupante escalada dos números da Covid-19 no Rio Grande do Norte. Até 25 de novembro, a média móvel dos últimos 14 dias de novos casos no RN saiu de pouco mais de 154 para 365, um aumento de 137%. Temos cerca de 44% de nossa população vivendo em municípios cuja taxa de transmissibilidade da Covid-19 está acima de 1. De fato, são números que acendem uma luz amarela para todos nós, principalmente para aqueles que, como nós, empreendedores, têm procurado acompanhar com equilíbrio, sensatez e responsabilidade os dados desta pandemia, desde o seu início.
E é por isso, mais uma vez, que precisamos nos unir. Antes de mais nada, é importante destacar alguns pontos, que precisam ficar muito claros. O primeiro deles é que a retomada da atividade econômica, claramente, não tem nenhuma ligação com este aumento de casos. Basta olharmos os gráficos e veremos que, entre primeiro de julho (quando o comércio e os serviços começaram a reabrir no RN) e o final de setembro (quando tiveram início as movimentações da campanha eleitoral) os números só caíram.
A média diária móvel dos últimos 14 dias de novos casos, por exemplo, era de 1.192 em 1º de julho e despencou para 237 em 27 de setembro. O segundo ponto é exatamente o fato de que nós não esperávamos nada diferente disso. Sempre defendemos que a retomada (após mais de cem dias de comércio parcialmente fechado) precisava se dar de maneira gradual e responsável. Construímos – em parceria com o Governo e a Prefeitura de Natal – os protocolos biossanitários para funcionamento dos estabelecimentos. Divulgamos estes protocolos de maneira maciça. Investimos no treinamento de empreendedores de colaboradores. Somente com o Senac, foram mais de 8 mil vagas ofertadas para cursos de capacitação nesta área.
Nos somamos a outras entidades e realizamos, em várias cidades do estado, o SOS Protocolos, com o qual visitamos cada estabelecimento de comércio e serviços, detalhando, tirando dúvidas, cobrando que houvesse engajamento e adoção inegociável às regras de segurança biossanitária.
Junto com o Governo do Estado, desenvolvemos o Plano de Retomada do Turismo, um conjunto de ações específicas para este segmento conseguir voltar, com o mesmo nível de responsabilidade e zelo pela vida humana, a gerar ocupação e renda no nosso estado. Mais uma vez, com o Senac, ofertamos cerca de 1.500 vagas em cursos específicos para treinar os empreendedores e colaboradores deste verdadeiro pilar econômico potiguar.
Também cobramos dos poderes públicos que fiscalizassem a adoção de todos os cuidados. Quem não cumprir, que seja punido como manda a Lei. Mas, sabemos, a imensa maioria os cumpriu e cumpre. Por tudo isso, tínhamos certeza de que não seria a reabertura do comércio e dos serviços que iria levar a um eventual aumento de casos. Certeza esta que reafirmamos, contundentemente.
Por fim, vale ressaltar que, diferente do que vimos principalmente em abril e maio, o número de novas mortes não tem crescido na mesma proporção dos novos casos. E isso pode ser explicado pelo fato de que temos conseguido encarar com mais eficiência e eficácia a doença. Ponto para o Governo do Estado e para as prefeituras, com suas estruturas de saúde pública e suas estratégias de enfrentamento.
Por tudo isso, preciso registrar que não podemos permitir que a escalada dos números seja encarada como um motivo para voltarmos a sacrificar a atividade produtiva. Seria um enorme erro. E eu tenho certeza de que as autoridades têm esta consciência.
Que possamos seguir em frente, com a mesma responsabilidade que o setor produtivo tem demonstrado, sendo replicada em todos os segmentos de nossa sociedade. Pelo bem de todos nós.