Ajustando o foco: Vamos olhar para os micro e pequenos
Por Marcelo Queiroz
Presidente do Sistema Fecomércio RN e presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae RN
Por várias vezes aqui neste espaço que, generosamente, a Tribuna do Norte me abre periodicamente, eu abordei a crença que tenho de que a única maneira de promover um desenvolvimento econômico e social verdadeiramente sustentável é estimular a geração de emprego e renda para o povo. Tenho plena e inabalável convicção disso. Busco, por onde passo, disseminar esta ideia e defender este conceito. Na semana que passou, tive a honra de ser solenemente empossado presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae RN, cargo para o qual fui conduzido, de maneira unânime, por um colegiado composto por representantes das principais entidades empresariais do estado, além de órgãos vinculados aos governos federal e estadual.
Pois bem. Tenho pela frente mais um desafio em minha vida, entre tantos que já encarei. Um deles, o mais fácil e natural, é garantir que aquela instituição continue realizando o trabalho de excelência que a fez respeitada, admirada e acreditada em todo o Rio Grande do Norte. Digo que esta é a mais fácil, não porque é um trabalho pequeno (nos últimos cinco anos, para se ter uma ideia, foram mais de 711 mil horas de consultoria, 5.200 cursos e quase 369 mil orientações técnicas prestadas). Digo, sim, porque sei que poderei contar com a competência e experiência de uma diretoria executiva alinhada com este pensamento e, principalmente, com um corpo técnico e de colaboradores cuja expertise é conhecida e reconhecida há tempos em todo o estado e até no país.
O outro grande desafio que temos na presidência do CDE do Sebrae RN é justamente o de mudar o foco da sociedade e do poder público, primeiro para este esforço coletivo de estímulo à geração de emprego e renda e, segundo, para convencê-los, de maneira definitiva, que é impossível fazer isso se não olharmos para os micro e pequenos negócios.
Os números não deixam dúvida da importância deles. Temos, no Rio Grande do Norte, um total de 222.966 empresas. Deste total, nada menos que 195.508 (86,78% do total) são Microempreendedores Individuais (100.460), Microempresas (84.893) ou Pequenas Empresas (8.155). Um detalhe: de todas as empresas do estado, mais de 83% estão nos segmentos de Comércio e Serviços.
E esta maioria dos pequenos empreendedores também está muito bem retratada quando tomamos os números do emprego formal no Rio Grande do Norte ao longo do ano de 2018. Infelizmente, o Ministério do Trabalho ainda não fechou os dados de dezembro, mas, considerando o período até novembro, o saldo entre demissões e admissões de trabalhadores com carteira assinada no nosso estado é de quase 8 mil vagas (exatas 7.866). Deste total, o saldo das micro, pequenas e médias empresas foi de 7.582 vagas, ou seja, nada menos que 96,4% de todo saldo positivo. Apenas 284 vagas foram abertas pelas empresas de maior porte. Tem mais: se tomarmos apenas a microempresas (aquelas com até 4 empregados), o saldo positivo delas foi de mais de 10 mil vagas no período (pequenas e médias empresas tiveram, juntas, um saldo negativo de 3.306 vagas).
Ou seja, basta olhar os números e analisá-los. Claro que grandes empresas que venham se instalar no nosso estado serão sempre muito bem-vindas. Mas, para mim, está claro que a transformação econômica e social que sempre buscamos jamais virá de fato se não estimularmos as micro e pequenas empresas.
A governadora Fátima Bezerra, durante a solenidade de nossa posse, se comprometeu com o envio de três projetos à Assembleia Legislativa que, com certeza, serão fundamentais para vivermos este novo tempo. O primeiro projeto cria o Plano Estadual de Compras do Governo do Estado do RN, para dar atenção aos pequenos empreendedores, como forma de fortalecer seus negócios e produção. Outro é o Programa Estadual de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o terceiro pretende criar o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial direcionado para as micro e pequenas indústrias.
São grandes passos. Que sejam os primeiros de muitos. E que possamos desenvolver as micro e pequenas empresas potiguares que, com elas, trarão junto o crescimento econômico e social do nosso povo. Vamos encarar juntos este desafio?
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