A retomada gradual das atividades econômicas é um compromisso de todos nós!
Por Marcelo Queiroz
O passo dado pela economia do Rio Grande do Norte na semana que passou é de uma imensa importância para o futuro deste Estado. O prefeito de Natal, Álvaro Dias, e a governadora do RN, Fátima Bezerra, foram corajosos e sensíveis ao drama vivido pelos empreendedores e a própria população. Mas, a partir de agora, o compromisso de manter o rumo desta retomada gradual é de todos nós.
Cada um precisa fazer a sua parte. Se a retomada atende anseios e necessidades de todos os norteriograndenses, direta ou indiretamente, fazer com que ela não retroaja é, também, algo a ser construído coletivamente.
É importante ressaltar que também é universal a dor dos mais de 30 mil infectados e dos mais de mil mortos no Estado pela doença. Eles jamais serão esquecidos e têm nosso mais profundo respeito.
Mas precisamos reagir. O futuro se constrói hoje e esta construção é de nossa responsabilidade. Se os números da Covid-19 no estado nos assustam, são também extremamente preocupantes os números que refletem a crise econômica em que estamos mergulhados.
Foram mais de cem dias em que estivemos com mais da metade do comércio fechado e quase que a totalidade dos serviços parados. Estes dois segmentos representam quase 70% do PIB potiguar. Entre 17 de março e meados de junho, apenas o setor de comércio perdeu cerca de R$ 300 milhões em faturamento e demitiu algo em torno de 10 mil pessoas. O percentual de desemprego no RN, que era de 11,2% em fevereiro, já está em 12,3%, segundo números da PNAD do IBGE, relativos a maio.
Já são cerca de 185 mil desempregados no Estado, apenas no mercado formal. Quando consideramos também o mercado informal, já contabilizamos quase trezentos mil potiguares sem ocupação e cuja renda depende de trabalhos incertos e inconstantes ou do salvador auxílio emergencial do Governo Federal, que, a cada mês, desde o final de março, despeja na nossa economia algo em torno de R$ 900 milhões, consolidando-se como o grande alento do comércio de micro e pequeno portes RN afora. Mas este auxílio tem data para acabar: 30 de agosto próximo. Até lá, este exército de beneficiários precisa voltar a ter renda.
Como viabilizar isso se a nossa expectativa, pelo que temos conversado com empreendedores, é de que cerca de 15% das nossas empresas simplesmente não vão conseguir reabrir no pós-pandemia, é um dos nossos grandes desafios. Isso equivale a algo entre 10 e 15 mil empresas. E este número cresce a cada dia.
Toda essa retração da economia impacta fortemente nas finanças do Estado. Até meados de junho, a arrecadação já havia caído em quase R$ 500 milhões. Este comprometimento de receita, que também é crescente, pode vir a ameaçar, segundo informações da própria SET RN, o pagamento dos salários de dezembro e 13º dos servidores do Executivo estadual, o que muito nos preocupa.
Aqui cabe ressaltar que os salários destes servidores representam cerca de 30% de toda a massa salarial paga no RN. Ou seja: atrasar, ou não pagar, estes salários é algo que impacta profundamente na economia como um todo.
O setor turístico, pilar econômico do nosso estado há décadas, tem também sido uma vítima quase fatal de todo esse contexto. Um levantamento feito pela Emprotur (que é ligada ao Governo do Estado) aponta que 42% das empresas turísticas do estado chegaram ao seu limite. Nos próximos 30 dias, 72% delas afirmam que não terão mais condições de continuar abertas.
Percebem o quão nebulosos são os cenários? Percebem que, a cada dia em que ficássemos sem dar início a esta retomada, eles piorariam?
É por tudo isso que o compromisso que temos, todos, é de fazer dar certo este novo passo.
Temos preparado – e aprimorado – as empresas, empreendedores e colaboradores para isso. A própria retomada foi um passo construído a muitas mãos e fruto de muitas conversas, parcerias e negociações nossas com as autoridades.
O setor produtivo tem feito sua parte. E seguirá fazendo. Mas todos nós precisamos entender que a doença continua aí. É algo que não se pode esquecer. E que precisamos conviver com ela. Até para que o sofrimento dos doentes, dos mortos, de suas famílias e dos seus amigos não tenha sido em vão. Para que possamos provar que somos mais fortes que a doença. E que conseguiremos nos reerguer.
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