Por Marcelo Queiroz
Presidente do Sistema Fecomércio RN
E chegamos ao final do primeiro mês do ano que, mais uma vez, nos traz grandes esperanças. Depois de um 2020 frustrante e completamente atípico, é em 2021 que depositamos nossas expectativas de que, finalmente, possamos alcançar a retomada econômica com a qual sonhamos, a cada início de ano, desde 2016. Passados estes primeiros trinta dias, a esperança segue viva, mas está cada vez mais claro que o caminho que temos a seguir é longo. E, por isso, requer celeridade.
O primeiro ponto de grande esperança que temos é a chegada da vacina e a expectativa de que, ainda neste primeiro semestre do ano, possamos ter uma boa cobertura da população com ela. Isso irá nos libertar, definitivamente, do fantasma da covid-19.
Por outro lado, alguns dados que começam a surgir chegam a ser preocupantes.
O primeiro deles foi divulgado na semana que passou. Fechamos 2020 com um saldo positivo do emprego formal no RN de 1.769 postos. Apesar de valer a pena comemorarmos o fechamento positivo, é preciso lembrarmos dois pontos em relação a este dado. O primeiro é que ele é menos da metade do que tivemos em 2019 (+3.741) que já não foi um ano bom. Outro ponto é que, se considerarmos o saldo acumulado na crise de 2015 a 2018 (-18.152 vagas) e somando os números positivos de 2019 e 2020, ainda temos um déficit no nosso mercado formal de 12,6 mil empregos com carteira assinada para recuperarmos. E esta recuperação só virá com a retomada econômica.
Também nos chama atenção o fato de que organismos internacionais já estão revisando para baixo a expectativa para o PIB brasileiro este ano. O que estava previsto em mais de 5%, hoje já está estimado em algo entre 2% e 3% de crescimento. O problema é que este dado, caso confirmado, seria insuficiente para recuperar até mesmo a perda prevista para 2020 (cujo dado ainda não fechamos e está estimada em 4%).
Outro indicador deste início de ano que preocupa é uma pesquisa recente do Instituto Datafolha que mostrou quase 70% dos beneficiários do auxílio emergencial no ano passado ainda sem ter conseguido uma renda para substituir o benefício.
Isso quer dizer que algo em torno de 20 milhões de brasileiros começam 2021 sem renda alguma. É muita gente. Se considerarmos cada pessoa dessa com um salário mínimo de renda, estamos falando de nada menos que R$ 22 bilhões a menos em salários por mês no país, um número que, sem dúvidas, cai como uma bomba sobre qualquer expectativa nossa de retomada econômica.
O Governo Federal tem sinalizado com um possível novo auxílio, menor e. mais enxuto. Também tem dado sinais de que pretende acelerar reformas como a administrativa e a tributária tão logo passem as eleições das mesas diretoras do congresso, que acontecem na próxima semana. Que assim seja. E que possamos dar estes passos calçados na união dos setores público e privado, em prol da construção de caminhos que nos levem ao crescimento, deixando de lado eventuais pontos de divergência e reforçando as convergências, que são muitas.
Porque é nestes passos que residem nossas maiores esperanças agora. Os desafios são imensos. Mas podem – e devem – ser enfrentados. De nossa parte, seguiremos trabalhando, gerando ocupação e renda. E torcendo para que os gestores públicos façam sua parte. Para que 2021 seja muito melhor do que o ano perdido que foi 2020.