Nos últimos dias, vários empresários e lideranças empresariais, de diversos segmentos do nosso estado, têm vindo a público fazer algum tipo de clamor. E este, meus amigos, é, sim, mais um. Como representante do setor da iniciativa privada mais importante da nossa economia, é minha vez de dizer: a base da nossa economia está ruindo e precisamos, juntos, fazer algo para evitar isso!
Vamos aos números. O setor de Comércio, Serviços e Turismo responde – segundo números ratificados agora em novembro pelo IBGE – por 45,6% do nosso PIB. Individualmente, o setor de Serviços responde por 31,3% do nosso produto interno bruto e o comércio por 14,3%. O setor público responde por 27,8%.
O setor de Comércio e Serviços desse estado emprega, diretamente, segundo dados do Caged de outubro, 292.643 pessoas com carteira assinada, o que equivale a 48% do contingente de empregados formais potiguares. Também somos responsáveis por 60% do recolhimento do ICMS aos cofres públicos (algo como R$ 230 milhões por mês).
E é este o setor que vem amargando números negativos contundentes nos últimos meses. Senão, vejamos. De acordo com dados do IBGE, até setembro (os mais recentes disponíveis), as vendas caíram, naquele mês sobre setembro de 2014, nada menos que 11,1%. Foi a maior retração para um único mês da série histórica, iniciada em 2009. Com isso, o acumulado do ano, até setembro, indicava retração de 3,6%. Para efeito de comparação, de janeiro a setembro de 2014 o varejo do estado havia registrado aumento de 3,1% nas vendas. A queda de 3,6% no acumulado deste ano, representa uma perda de cerca de R$600 milhões em faturamento para o nosso varejo. É muito dinheiro que deixou de circular.
Foram números surpreendentes, negativamente, mesmo para o atual cenário econômico que vivemos. Tínhamos uma esperança de que o movimento do setor turístico já começasse a influenciar um pouco as vendas em setembro e, por isso, esperávamos uma queda de 2% ou 3%, no máximo. Estes números nos fazem rever, drasticamente, as estimativas para o fechamento do ano. Se antes esperávamos uma estagnação (crescimento zero), agora não há como falarmos em nada diferente de uma queda próxima dos 4%. Para completar, o dado mais recente do IBGE, relativo a setembro, mostra que o setor de Serviços também perdeu receita no estado este ano, com uma queda de 4,8%. Com o resultado de setembro, o volume de serviços prestados acumula queda de 2,8% no ano.
Ato contínuo, surgiram os impactos no emprego. Segundo dados do Caged, até outubro deste ano, o Rio Grande do Norte perdeu 8.301 empregos formais. No mesmo período do ano passado, este saldo era positivo, de 11.749 vagas. O setor de Comércio, sozinho, de janeiro a outubro deste ano fechou 2.355 vagas. Felizmente, no acumulado do ano, o setor de Serviços ainda emplaca um saldo positivo, de 1.942 postos. A junção de Comércio e Serviços tem saldo, até outubro, negativo de -670 vagas. Se considerarmos que no ano passado, até outubro, Comércio e Serviços tinham saldo positivo de 11.149 vagas, podemos dizer que apenas o setor representado pela Fecomércio fechou, em um ano, 11.819 empregos com carteira assinada.
Vale, aqui, lembrar que recentemente houve um grande estardalhaço no estado em virtude da perda iminente de 300 vagas de emprego na fábrica da Ambev, em Extremoz. Claro que cada emprego é importante e deve ser mantido, mas nosso setor perdeu, sozinho, o equivalente a 37 Ambevs!
Infelizmente, são estes os números. E infelizmente não temos visto nenhuma ação direta, contundente, eficiente e eficaz dos governos para estimular o nosso setor, com a honrosa exceção do esforço que vem sendo feito para se reaquecer o nosso turismo. Mas, meus amigos, o Comércio também pede socorro. A base de nossa economia está agonizando. E se ela ruir, toda a economia será impactada.
Marcelo Fernandes de Queiroz
Presidente do Sistema Fecomércio RN
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