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8 de junho de 2015

No Motores do Desenvolvimento união pelo Hub da Latam foi a palavra de ordem

O evento discutiu as perspectivas e desafios para o turismo potiguar e reuniu lideranças políticas e empresariais do estado

União e esforço. Essas foram as palavras mais citadas durante a primeira edição 2015 do Seminário Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, que aconteceu na manhã de hoje (08.06), no Versailles Recepções Cidade Jardim, e teve como principal ponto de pauta a possível instalação do Hub da Latam no Aeroporto Internacional Aluízio Alves. O evento foi realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN, em parceria com o jornal Tribuna do Norte, a Salamanca Capital Investimentos, o Sistema Fiern e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Com o tema “Perspectivas e Desafios para o Turismo do RN”, o Seminário reuniu presidentes de sindicatos filiados e membros da diretoria da Fecomércio; autoridades políticas municipais, estaduais e federais; empresários; trade turístico; e pesquisadores do estado. Entre os presentes, foi unanimidade a ideia de que o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante tem potencial para receber o centro de cargas e passageiros da Latam. Todos eles destacaram também que a união e esforço empreendidos pelos poderes públicos e privados do Rio Grande do Norte devem fazer toda a diferença para que a escolha pelo Aluízio Alves se concretize.

Abrindo os pronunciamentos, o presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Fernandes de Queiroz, destacou que o estado tem vivido um momento de grandes oportunidades no setor do turismo, “e que é hora de dar um enorme passo rumo ao desenvolvimento econômico e social do RN”. Marcelo Queiroz falou ainda da importância de todos dizerem sim novamente: “Já dissemos sim ao projeto do aeroporto, e hoje, para a nossa alegria, ele é uma realidade palpável. Temos agora que dizer sim, desta vez ao projeto de implantação do Hub da maior empresa aérea da América Latina, que, caso venha mesmo para o nosso estado, não só garantirá emprego e renda, mas promoverá justiça social”.  

Para o presidente da Fiern, Amaro Sales, o turismo é um motor de desenvolvimento do estado. “Sem ele a economia não anda. Por isso estamos unindo esforços em torno da chegada do Hub da Latam. Se já fomos o Trampolim da Vitória, agora desejamos ser o trampolim para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte, e a redução do ICMS do querosene de aviação foi apenas um dos vários passos que teremos que dar até alcançar o nosso objetivo”.

A reitora da UFRN, Ângela Paiva, instituição que também é parceira do Seminário, destacou os atrativos do estado e a importância de se discutir o tema turismo na presença dos mais variados setores da sociedade, incluindo a academia. De acordo com Ângela Paiva, “a nossa universidade já conta com mais de 500 graduados na área, e 60 pós-graduados, além de estimular a experiência enriquecedora de empresas júniores e incubadoras de projetos empreendedores. Sabemos que a pesquisa é o primeiro de muitos passos para alcançar um estado desenvolvido social e economicamente, e por isso não medimos esforços neste sentido”.

Em seu pronunciamento, o prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado, parabenizou as entidades envolvidas no evento e destacou que a união faz a diferença na disputa pelo Hub, “e o RN tem conseguido trabalhar com união e empenho, tanto por parte do poder público quanto do poder privado”. Jaime falou ainda dos pontos positivos que tem o Aeroporto Aluízio Alves em comparação com os aeroportos de Recife e Fortaleza: “o aeroporto é o primeiro do Brasil a ser um ‘aeroporto cidade’. Fizemos todo o planejamento em torno disso e ainda temos muito espaço para crescimento, para realizar as adequações necessárias”.

“A prefeitura de Natal se compromete em fazer tudo o que for possível para a chegada do Hub da Latam, articulando cada ação com parceiros do setor público e também privado. A instalação é uma bandeira coletiva, e é assim que tem que ser tratada; vamos nos reunir, traçar estratégias e buscar alcançar cada meta para presentear Natal e o Rio Grande do Norte com essa instalação aeroportuária”, disse o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, frisando que a sociedade norte-riograndense precisa estar coesa e organizada em torno deste projeto.

O governador Robinson Faria afirmou que “este é um momento de desarmamento político, em que o que de fato interessa é o crescimento econômico e social do estado”. O gestor estadual sugeriu que fosse criado um comitê permanente de acompanhamento das ações em torno do projeto de recebimento do Hub da Latam. “Estamos tecnicamente à frente de Pernambuco e do Ceará. Precisamos nos manter unidos, através desse comitê de trabalho, para viabilizar a vinda da instalação, assim como fizemos no caso da redução do ICMS sobre o querosene de aviação, que já apresenta resultados positivos”.

O presidente da Cosern, Luiz Antônio Ciarlini, também parceiro no Motores do Desenvolvimento, falou da importância da infraestrutura da cidade para recebimento do centro de cargas e passageiros da Latam. “Sabemos do papel da infraestrutura elétrica para o funcionamento da economia de um estado, e o projeto do Hub conta com todo o nosso apoio”, enfatizou.

Na ocasião, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, falou do desafio assumido por ele: “O meu desafio é buscar entender o porquê de o turismo brasileiro não fazer parte da agenda econômica, política e social do país como deveria. O turismo não é só festa e viagens, mas é também geração de emprego e renda para o povo brasileiro, e é neste sentido que precisamos trabalhar”.

Henrique Alves apresentou também números que indicam a dimensão do turismo brasileiro: 9,6% do PIB nacional são representados pelo turismo, e o Brasil é a 9ª maior economia do mundo no setor. O ministrou citou ainda projetos que, pelos próximos anos, deverão ser concretizados no Rio Grande do Norte, como é o caso da recuperação da estrada que liga a capital potiguar até a praia de Pipa, a construção do teleférico na cidade de Santa Cruz – polo turístico religioso do RN -, e a reforma de Centro de Convenções de Natal.

O bloco técnico teve início com a palestra do ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman, intitulada “Turismo como negócio: perspectivas e desafios do setor no contexto econômico nacional”. Schwartsman explicou que a natureza do problema econômico do Brasil é doméstico, e não mundial. Para ele, o país deixou de crescer no momento certo. “O Brasil tem perdido muito do mundo economicamente. De 2007 a 2010, o mundo crescia 3,5% ao ano e o Brasil crescia 4,5%. Nos últimos quatro anos, o Brasil cresceu 2% frente aos 4,5% do mundo. Não houve qualquer desaceleração da economia mundial, ela se manteve. Não tem nenhuma indicação de que o Brasil cresce porque o mundo cresceu pouco”, esclareceu o economista.

Segundo ele, a indústria é o setor mais sensível ao reajuste de impostos e serviços, como a energia elétrica. O economista projeta uma retração no Produto Interno Bruto brasileiro de até 2%. Neste cenário de ajustes fiscais, a recuperação só será iniciada no ano que vem. “Há possibilidade de recuperação, mas algo para 2016 ou 2017. Neste ano caminhamos para uma contração”, analisa Schwartsman.

O segundo convidado do bloco técnico foi o presidente do Aeroporto de Brasília, José Luis Menghini, que abordou o tema “Hub Doméstico da Latam em Brasília: como ele opera e o que ele mudou no aeroporto e na cidade”. Menghini acredita que o Rio Grande do Norte tem força para disputar o hub da TAM com os aeroportos de Recife e Fortaleza: “O consórcio já possui planos de expansão para o terminal Aluízio Alves, o que contribuiria com as negociações junto à companhia. Temos possibilidade de aumentar o número de fingers (pontes de embarque)”, enfatizou Menghini. Além disso, um dos diferenciais do terminal é a possibilidade de expansão da área interna. A capacidade do terminal pode chegar a 70 milhões de passageiros/ano, e receber até 30 pousos e decolagens por hora. É a maior capacidade entre os terminais do Nordeste, segundo a Inframérica.

Para Menghini, porém, o estado precisa resolver duas pendências: a finalização dos acessos ao terminal, ou construção de uma alternativa ferroviária; e o número baixo de passageiros com destino final para Natal. “Temos grande capacidade hoteleira e de atrações turísticas, mas que hoje estão isoladas e precisam ser interligadas. Precisamos de sinergia entre companhias aéreas, aeroporto e setor turístico”, pontuou.

O diretor de Produtos Nacionais da CVC, Claiton Armelin, encerrou o evento ministrando palestra sobre “O destino Natal, diferenciais e gargalos como produto turístico”.  O executivo anunciou a meta de aumentar em 50 mil o número de passageiros para o RN em 2015 e avaliou os primeiros resultados no desempenho das operações da Companhia em Natal depois da redução do ICMS do QAV. “No primeiro trimestre, a participação do Estado cresceu de 12% em 2014 para 14% em 2015. Este já é um reflexo da medida acertada tomada pelo Governo do Estado em reduzir a alíquota do ICMS do QAV”, explicou.

Dos R$ 868 milhões de receita injetados na economia do todo o Nordeste, no primeiro trimestre deste ano, o RN teve R$ 192 milhões, com 67.740 passageiros, o que elevou o share em 14%. No ano passado, a CVC trouxe 1,6 milhão de turistas para o Nordeste, dos quais 190 mil passaram pelo RN. Embora permaneça como o 5º destino mais procurado da região, o estado diminuiu a movimentação em 12% se comparado à 2013, quando hospedou cerca de 218 mil pessoas.

*Com informações da Tribuna do Norte

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