Gustavo Krause participou nesta quarta-feira do projeto Brasil em Foco, promovido em parceria com o grupo Icatu Seguros
“Eu diria que estamos aqui para tentar apontar um túnel no fim da luz”. Com esta frase e traçando um panorama das ações políticas e seus efeitos na economia brasileira o ex-ministro da Fazenda, Gustavo Krause, deu início à primeira edição do Brasil em Foco de 2016. O projeto da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN aconteceu nesta quarta-feira (13), no Holliday Inn Arena. Essa edição teve a parceria do grupo Icatu Seguros e da Tirol Corretora de Seguros.
Krause, que também já ocupou o Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente e foi governador de Pernambuco, apresentou o cenário de crise que o país enfrenta, os diagnósticos e as perspectivas ao empresariado potiguar que esteve presente. O palestrante comentou que a crise é “made in Brazil”, mas que o país já superou outras crises no passado.
“Há uma estreita relação entre as decisões políticas e econômicas. Política e Economia são elementos constitutivos de grande sistema social, no qual o cálculo econômico depende muito de como a política se comporta e qual a direção que se dá as políticas públicas. Atualmente estamos vivendo momentos decisivos para o Brasil”, analisou Gustavo Krause.
O palestrante acrescentou que “o empresário hoje está paralisado, por causa da incerteza política. A relação entre os setores é necessária, com as ações políticas direcionadas, os agentes econômicos podem tomar uma direção e fazer investimentos”.
O presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, arrematou que a alta carga tributária brasileira atrapalha a competitividade das empresas, comprometendo o seu crescimento e os empregos e a renda gerada. Para embasar, Queiroz apresentou que quase 50% do PIB brasileiro é comprometido em impostos ou taxas.
“Trata-se de uma realidade cruel e grave. Como contribuinte somos obrigados a alimentar uma estrutura perdulária que consome com avidez impressionante e revoltante. O clima inóspito aos negócios agravado por este arcabouço tributário tem impactado fortemente no setor de comércio”, disparou Queiroz.
O ex-ministro comentou sobre o “calo” dos empresários: a tributação. Ele afirmou que uma reforma tributária é difícil de ser executada e ressaltou que o assunto é debatido há 30 anos, e os impostos só aumentam. Para o advogado tributarista, é necessário definir o tamanho do Estado que se quer alcançar para que as mudanças tributárias aconteçam.
“O Estado não cabe no bolso do contribuinte. Nos últimos tempos, a carga tributária só fez crescer, não sendo progressiva e não dando retorno ao contribuinte. Nós temos uma tributação de país de primeiro mundo que oferece serviços de terceiro mundo”, disse.
O diretor territorial da Icatu Seguros, Henrique Jenkins, ressaltou a importância de trazer Gustavo Krause à Natal para falar com o empresariado potiguar. Segundo ele, a experiência dele em gestão pode ajudar os potiguares a sobreviverem a crise.
“Gustavo Krause é nosso consultor em assuntos de economia há mais de 10 anos e nossa empresa, com abrangência nacional, teve receita de R$ 3 bilhões em 2015, mesmo diante do caos. Um evento como esse é muito importante e estamos felizes em fazê-lo junto com a Fecomércio, pela representatividade da instituição na região”, disse.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, acredita que a presença de Krause traz um alento aos empresários, diante do momento que o Brasil enfrenta. “Há a esperança de novos modelos, novas ações para o futuro, que são apresentados pelo ex-ministro, mas temos uma questão econômica e política que precisam ser sanadas”, encerrou.