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14 de julho de 2015

Crédito caro e escasso puxa vendas em setores de peso e varejo potiguar cai 9,4% em maio

Cenário nacional cobra a conta em setores como Veículos, Móveis, Eletrodomésticos e Materiais de Construção, e quinto mês do ano volta a ter queda acentuada nas vendas segundo IBGE

Com taxas de juros nas alturas (em maio, a média para pessoa física atingiu patamares próximos dos 6,5% ao mês), crédito mais escasso e retração na abertura de novas vagas, o quinto mês do ano foi de vendas em baixa no Comércio Varejista Ampliado potiguar. Segundo dados do IBGE divulgados na manhã desta terça-feira, 14, as vendas no Estado caíram 9,4% e puxaram o acumulado do ano para -2,5%. Os números potiguares ainda são menos desanimadores que as médias nacionais  (-10,4% em maio e -7% no acumulado do ano), mas ficam muito distantes do desempenho verificado no mesmo período do ano passado (em maio de 2014, as vendas potiguares registraram 4,9% de alta e o acumulado dos cinco primeiros meses do ano bateu em 4,18%).


“Embora não tenham sido os números que esperávamos, precisamos registrar que o saldo negativo foi construído basicamente pelos setores de Veículos (com -22,2%); Móveis (-20%), Eletrodomésticos (-17,9%) e Material de Construção (-11,3%). São setores cujas vendas dependem bastante do crédito, que está caro e escasso. São também setores com grande peso na composição da taxa final de vendas do varejo. Além disso, tivemos uma base de comparação alta, já que em maio do ano passado, registramos aumento de 4,9% nas vendas”, ressalta o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio Grande do Norte, Marcelo Queiroz.


O empresário faz questão de deixar claro que os números são preocupantes, até pelo fato de que maio foi o terceiro dos cinco meses com resultado negativo (veja quadro abaixo). “Apesar de estar claro que a queda drástica está ligada a questões pontuais – como o aperto do crédito e até mesmo turbulências em programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida’ e ‘Minha Casa Melhor’ – que impactam, respectivamente, nos setores de Materiais de Construção e de Móveis e Eletrodomésticos, enxergamos a necessidade de reagirmos. A solução definitiva para este cenário turbulento passa por toda a política econômica nacional, mas, enquanto ela não vem, cada vez mais a ordem para o varejo é nos reinventarmos em busca de conquistar e fidelizar nossos clientes”, diz Queiroz.

Setores
Em maio, sete das dez atividades investigadas na pesquisa registraram resultados negativos para o volume de vendas, na relação mês/mês anterior com ajuste sazonal. As taxas negativas foram: -0,1% em Combustíveis e lubrificantes; -0,4% em Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos; -1,1% para Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; -2,1% em Livros, jornais, revistas e papelaria; -2,1% para Móveis e eletrodomésticos; -3,8% para Material de construção; e -4,6% em Veículos e motos, partes e peças. As atividades com resultados positivos foram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com 5,5%; Tecidos, vestuário e calçados, com 2,7%; e Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com 1,7%.


Na comparação maio de 2015/maio de 2014 (série sem ajuste), considerando o volume de vendas, cinco das oito atividades registraram variações negativas. Por ordem de contribuição negativa à taxa global (-4,5%), os resultados foram os seguintes: -18,5% para Móveis e eletrodomésticos; -2,1% para Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; -7,7% para Tecidos, vestuário e calçados; -4,2% em Combustíveis e lubrificantes; e -11,8% para Livros, jornais, revistas e papelaria. As atividades de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, com 0,3%; e Outros artigos de uso pessoal e doméstico, com 0,2%, praticamente não influenciaram a taxa global. A atividade que exerceu impacto positivo no resultado do varejo foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,8%).


A atividade de Móveis e eletrodomésticos, com variação de -18,5% no volume de vendas em relação a maio do ano passado, registrou o maior impacto negativo na formação da taxa do varejo. Este desempenho reflete não só a redução da massa de rendimento e o menor ritmo de crescimento do crédito, mas também o fraco desempenho das vendas em comemoração ao Dia das Mães na comparação maio 2015 / maio 2014. O efeito base é reforçado devido ao aumento das vendas de televisores motivado pela Copa do Mundo. No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, as taxas foram de -10,9% e -6,1%, respectivamente.


O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com taxa de -2,1% no volume de vendas em maio de 2015 sobre igual mês do ano anterior, foi a segunda maior contribuição negativa na formação da taxa de desempenho do Comércio Varejista. Em termos de resultados acumulados, a atividade apresentou variação no ano de -1,6% e nos últimos 12 meses de -0,9%. Este desempenho negativo foi influenciado pelo menor poder de compra da população e, também, pelo fato do mês de maio de 2015 contar com um dia útil a menos, em comparação com o mesmo período do ano anterior, mesmo com o crescimento dos preços de alimentação no domicílio se encontrar abaixo da média geral.


A atividade de Tecidos, vestuário e calçados foi responsável pela terceira maior participação negativa na composição do índice geral do varejo, com variação de -7,7% em relação a igual mês do ano anterior. Este tipo de atividade que, geralmente, reflete positivamente a comemoração do Dia das Mães, em maio de 2015 apresentou resultado negativo e abaixo da média geral, mesmo sendo favorecido com os preços de vestuário se posicionando abaixo do índice geral de inflação (variações respectivamente de 3,4% e 8,5% no acumulado dos últimos 12 meses, até maio, segundo o IPCA). Os resultados em termos acumulados apresentaram retração: -5,0%, no ano, e -2,8%, nos últimos 12 meses.


O segmento de Combustíveis e lubrificantes apresentou taxa de -4,2% no volume de vendas em relação a maio de 2014, respondendo pela quarta maior contribuição negativa à taxa global do varejo. A taxa de crescimento acumulada no ano (-3,7%) e a dos últimos 12 meses (-1,1%), reflete o comportamento dos preços de combustíveis acima da média, com 9,2% de variação em 12 meses, contra os 8,5% do índice geral, segundo o IPCA.


O comércio de Livros, jornais, revistas e papelaria, que exerceu o quinto maior impacto negativo na formação do resultado global, registrou variação no volume de vendas de -11,8% sobre maio de 2014, com taxa acumulada no ano e nos últimos 12 meses de -8,6% e de -9,5%, respectivamente. A trajetória declinante desta atividade vem sendo influenciada pela restrição orçamentária das famílias e, no que tange a jornais e revistas, por certa substituição dos produtos impressos pelos de meio eletrônico.


A atividade de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com variação de 0,3% praticamente não exerceu influência na formação da taxa global do varejo, no volume de vendas na comparação com maio de 2014. Os resultados em termos acumulados, variação de 10,7% no ano e de 3,2% nos últimos 12 meses, podem ser explicados pelo comportamento dos preços dos computadores, um dos principais item que compõe a atividade .


O segmento de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba lojas de departamentos, joalherias, artigos esportivos e brinquedos, com taxa de 0,2%, também não registrou impacto significativo na formação da taxa do varejo do volume de vendas, em relação a maio de 2014. O resultado diferenciado entre maio deste ano e maio de 2014 (12,1% sobre maio de 2013) reflete o comportamento da massa de rendimentos das pessoas ocupadas e do crédito, cujos níveis estão mais baixo este ano do que no ano passado, comprometendo, assim, o volume das vendas comemorativas do Dia das Mães em 2015. Para os cinco primeiros meses do ano, a variação acumulada foi de 4,4%, e para os últimos 12 meses de 5,8%.


O segmento de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, apresentou a única influência positiva na taxa global do varejo, com taxa 1,8% na relação maio 2015/maio 2014, e taxas acumuladas no ano e nos últimos 12 meses de 5,0% e 6,8%, respectivamente. O desempenho setorial acima da média desta atividade pode ser atribuído, especialmente, ao caráter de uso essencial de seus produtos e à variação de preços de medicamentos abaixo do Índice Geral.


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