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17 de maio de 2019

Crédito para comércio do NE, gestão empresarial, números do trabalho do Sistema Comércio e desafios do sindicalismo empresarial são destaques no 35º CNSE, em Fortaleza

A celebração de um convênio entre a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e o Banco do Nordeste – que irá viabilizar a implantação de linhas de crédito com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) com taxas baixíssimas de juros e condições diferenciadas de contratação – e palestras e debates sobre temas como “Gestão do Amanhã”, “Varejo do Futuro”, “Conceitos Disney de Excelência aplicados à Gestão Sindical” e “Integração entre os braços sindicais do comércio e o novo sindicalismo empresarial” foram alguns dos pontos altos do 35º Congresso Nacional de Sindicatos Empresariais (CNSE), que teve início da quarta-feira, 15, e se encerra nesta sexta, 17, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O evento – o maior encontro anual do segmento – conta com a participação de uma comitiva com cerca de 40 empresários, diretores e executivos da Fecomércio RN e de sindicatos filiados à entidade, liderada pelo presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.

O convênio entre CNC e Banco do Nordeste acerca da nova linha de crédito para o setor foi assinado pelos presidentes José Roberto Tadros (CNC) e Romildo Rolim (BNB) na quinta-feira, 16, e referendou uma negociação que começou a ser costurada no início de maio, em reunião realizada, na sede do banco (também em Fortaleza, e que contou com a presença do presidente potiguar e de presidentes de outras quatro federações de comércio do Nordeste (PE, AL, CE e PI) e de Minas Gerais. A iniciativa foi coordenada pelo presidente licenciado do Sistema Fecomércio Ceará e vice-presidente Administrativo da CNC, Luiz Gastão Bittencourt.

Para Marcelo Queiroz, a assinatura do convênio é um marco histórico. “Trata-se da aproximação efetiva do nosso segmento com o maior banco de desenvolvimento da região. Com isso, a nossa expectativa é que as empresas possam ter acesso ao crédito em condições melhores e de maneira mais ágil, potencializando, desta forma, a contribuição que o nosso segmento já dá ao desenvolvimento econômico do Nordeste”, afirmou ele.

A parceria também deve proporcionar outras ações, como pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos e serviços; fortalecimento da capacitação das empresas (com temas de educação financeira, competitividade, produtividade e inovação); criação de uma rede regional de disseminação de informações, entre outras coisas.

Em 2018, o Banco do Nordeste aplicou cerca de R$ 32 bilhões em financiamentos a projetos de empreendimentos localizados na área de atuação da Sudene (composta pelos seguintes estados: MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, MG e ES), por meio dos Fundos Constitucional e de Desenvolvimento do Nordeste (FNE e FDNE).

Para 2019, foram aprovados para os dois fundos, respectivamente, orçamentos de R$ 23,7 bilhões e R$ 650 milhões.

Balanço positivo

O presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, fez um balanço extremamente positivo do evento. “Tivemos várias palestras interessantes com visões bastante amplas e modernas não apenas da realidade sindical empresarial no país, mas, sobretudo, do próprio mercado. Tenho certeza de que todos nós saímos do Ceará com uma bagagem riquíssima de conhecimento e ideias para aplicarmos na nossa realidade potiguar. Agora nossa equipe técnica irá discutir ponto a ponto com cada presidente e diretor de sindicato que esteve aqui acerca da aplicabilidade de muitos dos conceitos e visões que nos foram apresentadas no Congresso. Tudo isso tendo como foco a melhoria do nosso Sistema, das nossas empresas e da nossa capacidade de continuarmos sendo o setor que mais gera emprego e renda no país e no RN”, avaliou ele.

Magaldi: “São os empreendedores quem lideram as transformações na sociedade”

A inquietude é uma das características mais destacadas do consultor Sandro Magaldi. Reconhecido como um inovador no campo do empreendedorismo, ele alia uma atuação que une a academia e o mercado. Criador e comandante do site meuSucesso.com, mentor da Endeavor e professor de MBA na ESPM, FIA e Fundação Dom Cabral, Magaldi é autor dos livros “Movidos por Ideias: Insights para Criar Empresas e Carreiras Duradouras” e “Vendas 3.0: Uma Nova Visão para Crescer na Era das Ideias”, dois sucessos de venda. Mais recentemente, lançou mais um best-seller: “Gestão do Amanhã – Tudo o que você precisa saber sobre gestão”, cujo subtítulo já dá uma mostra do quão pretensiosa é a obra.

E, a julgar pela palestra proferida por Magaldi na quinta-feira, 16, dentro do 35º CNSE (abrindo o primeiro dia de palestras do evento), o livro entrega o que promete. Dono de uma visão muito particular das possibilidades empreendedoras do brasileiro, Magaldi passa em revista a história da gestão desde seus primórdios até a fronteira do marketing digital e as enormes possibilidades abertas com a tecnologia nos dias atuais.

Magaldi lembrou a badalada “Lei de Moore (referência a um dos fundadores da Intel, Gordon Moore, segundo a qual a “capacidade de todos os equipamentos tecnológicos dobra a cada 18 meses”) para ressaltar esta necessidade de adequar-se, de aprender. Ele também citou dados que mostram como as novas tecnologias afetam os hábitos seculares – inclusive de consumo, da sociedade. “O Uber está fazendo com que os jovens deixem de ter a compra de um carro e a conquista de uma carteira de motorista como meta de vida. Os empreendedores, os que fazem este mercado, precisam acompanhar este turbilhão”, disse ele.

“Quem está liderando as transformações da sociedade atual são empreendedores, são empresas que fazem uma boa leitura e transformam toda a sociedade”. Magaldi defendeu ainda que um dos maiores desafios dos empreendedores é lidar com rupturas e, assim, ampliar suas possibilidades. “O empreendedor tem que aprender a desaprender, tem que ter humildade. Pela primeira vez na história recente da humanidade existe o bônus da ignorância, não o ônus. Ser ignorante nesse contexto é mais vantajoso do que pensar que sabe tudo. Porque se você pensar que sabe tudo, você não sabe nada e fica pouco aberto ao novo. Por isso a humildade para adquirir novos conhecimentos é um passo inicial para se transformar. E vai testando, validando, conversando com novos empreendedores”, pontuou ele.

O presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, teve um momento particularmente especial durante a palestra de Magaldi. Foi quando o consultor citou o caso da Federação Brasileira de Redes de Farmácias (Febrafar) como modelo de negócios a ser seguido pelos sindicatos empresariais. “O exemplo de unir pequenos e criar alternativas que sustentem uma plataforma de negócios com diferenciais que a façam competitiva é a grande sacada. Talvez pensar nos sindicatos como ferramentas nesta linha seja um caminho para o futuro do sindicalismo empresarial”, disse ele.

“Eu que, em 1999 ajudei a criar a Unifarma, uma rede de farmácias que surgiu exatamente com este foco, fiquei feliz com a afirmação de Sandro Magaldi, sobretudo por vir de um profissional com o currículo e a experiência dele. O desafio, agora, é fazer a adaptação deste modelo para os sindicatos. Vamos à luta”, pontuou Queiroz.

Classe C deve voltar a comandar consumo do país, mas sem ostentação, alerta especialista

Passados dez anos da criação do termo “nova classe média” para denominar uma Classe C que ascendia de maneira meteórica e irrigava o consumo nacional como há tempos não se via neste país, esta representativa parcela da população voltou a crescer no Brasil. Entre 2017 e 2018, após uma queda brusca nos dois anos anteriores, a festejada, emblemática e complexa Classe C passou de 50% a 51% da população, uma adição de mais de 2 milhões de pessoas. Embora ainda não tenham recuperado tudo o que perderam durante o período em que a economia recuou 8%, as famílias da Classe C estão otimistas com o que está por vir e pretendem voltar a comprar bens de maior valor agregado, como eletrodomésticos e materiais de construção, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva. Mas a busca por essas metas não será a qualquer preço: o consumo-ostentação dos tempos de bonança foi substituído pela exigência de um claro custo-benefício.

A esta nova relação com o consumo, o consultor e presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, chama de “caminho sem volta”. Especializado em estudar os hábitos da Classe C, Meirelles explica que, com o aumento ainda tímido – de 0,9% – da renda desse contingente no ano passado, para convencer os 106 milhões de membros da classe média a gastar o dinheiro que têm em mãos – montante estimado em R$ 1,57 trilhão para 2019 -, as empresas terão um caminho duro a percorrer.

“As marcas vão precisar saber muito mais sobre os hábitos desses consumidores para convencê-los a abrir a carteira”, diz Meirelles. “O consumo agora não vai estar mais ligado ao acesso a qualquer custo, à ostentação, mas sim à performance e à relevância de cada produto”, diz ele.

Esse retorno ao consumo é pautado muito mais pela expectativa do que por avanços econômicos consistentes. Isso porque tanto o emprego quanto a renda ainda estão longe de recuperar os níveis anteriores à crise. Apesar da queda da inflação e do juro básico no patamar mínimo de 6,5% ao ano, o desemprego já beira os 13%.

Além disso, projeções recentes apontam para um crescimento de pouco mais de 1,5% para o PIB brasileiro este ano. Curiosamente, esta redução nas projeções de crescimento da economia impacta positivamente na Classe C. O motivo é que, com a economia em desaceleração, o consumo passa a ser mais valorizado e a tendência é que o dinheiro em circulação também o seja. Como a Classe C tem recursos mais escassos para sustentar o seu consumo, isso termina valorizando esta faixa de consumidores.

Números do trabalho nacional de Sesc e Senac impressionam pela grandiosidade

“O Sistema CNC é indivisível e sua força advém do enorme trabalho que realizamos em prol de toda a sociedade brasileira. O que precisamos é que nossos números sejam melhor conhecidos pelos brasileiros”. Com esta máxima, o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros, abriu sua palestra na sexta-feira, 17, dentro do 35º CNSE.

Junto com o vice-presidente Administrativo da entidade, Luiz Gastão Bittencourt, Tadros conclamou os presidentes de sindicatos e de federações presentes ao evento a defenderem com veemência o trabalho que eles próprios ajudam a realizar, sobretudo diante do quadro de “ameaças incompreensíveis” que o Sistema vem sofrendo.

Tadros destacou o fato, por exemplo, do Sesc estar presente em mais de dois mil municípios brasileiros, contabilizar 5,8 milhões de pessoas com o cartão Sesc (carteira de comerciário ou usuário) e 33 mil colaboradores. Também fez questão de citar que o braço social do Sistema Comércio conta com 587 unidades fixas no país e 151 unidades móveis. O Sesc ainda registra 1,5 milhão de ações em educação por ano, mais de 2,1 milhões de ações com o Turismo Social, 917 mil inscrições em cursos e palestras, mais de 2,5 milhões de consultas odontológicas e 23 milhões de refeições a preços subsidiados por ano.

A estrutura nacional do Sesc conta, ainda, com 213 escolas, 367 bibliotecas e salas de leitura, 435 espaços culturais, 246 clínicas odontológicas e 2.718 espaços recreativos e esportivos.

Já o Senac está presente em 1.808 municípios brasileiros, tem 42 mil colaboradores entre docentes, técnicos e pessoal de apoio, 491 unidades escolares fixas e 85 unidades móveis. Investiu, no ano passado, R$ 1,79 bilhão em cursos gratuitos (dos pouco mais de R$ 3 bilhões que arrecadou com o recolhimento compulsório das empresas) e emplacou mais de 358 mil matrículas em cursos totalmente gratuitos no ano passado.

“É um trabalho imenso e que deve orgulhar o Brasil e, sobretudo, vocês que estão aqui. Porque são os verdadeiros e grandes responsáveis por ele”, destacou Tadros à plateia de empresários, presidentes de sindicatos e de federações do comércio de todo o país.

Disney, exemplo de acuidade e assertividade a ser seguido pelo sindicalismo empresarial

A palestra que fechou o ciclo do 35º Congresso Nacional de Sindicatos Empresariais foi repleta de magia e encantamento, mas sem perder o foco nos negócios competitivos e otimizados. A palestrante foi a consultora Jacqueline Gomes, graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas e MBA em Marketing pela FGV, além de ser certificada pelo Disney Institute com os cursos oficiais: Disney‘s Approach to Quality Service e Disney Backstage Magic (Orlando/EUA).

Jacqueline já coordenou inúmeras missões empresariais à Miami e Orlando para formação no Disney Institute e visitas técnicas às empresas do mercado americano (Apple, Macy’s, Wallmart, Publix, Harley Davidson).

Em sua palestra, ela foca nos Conceitos Disney para Excelência em Atendimento e Serviços. “A maior empresa de entretenimento do mundo, com a história e os números que tem, certamente tem muito a ensinar a qualquer empreendedor”, afirma ela.

Curiosamente, a essência do trabalho não está muito distante do que os empreendedores – de todos os portes – brasileiros estão acostumados a ouvir: Excelência e atendimento que geram encantamento; Hospitalidade: o cliente como convidado; Atenção aos detalhes; Atendimento aos desejos, sentimentos e expectativas do cliente.

A questão instigante é a forma como a Disney perseguiu e alcançou estes objetivos basilares da relação entre fornecedor e consumidor de produtos e serviços. A Disney praticamente inventou – ou reinventou, em alguns pontos – o conceito de evolução por repetição e qualificação e atualização profissionais levadas a instâncias quase inimagináveis. Foi assim que ela ganhou reconhecimento mundial, por desenvolver um conjunto de métodos extremamente eficaz de atendimento, que busca ir além da satisfação e encantar o cliente.

“Uma das maiores lições da Disney é a forma como ela constrói uma experiência única para seu cliente, a forma como a empresa é orientada para o cliente. Tal orientação vem sendo construída e mantida ao longo de décadas. Antes mesmo da tendência do mercado de discutir e repensar a experiência do cliente como diferencial competitivo. Outra grande lição é o fato da empresa entender que a experiência do cliente com ela não se dá somente através do produto/serviço, mas também do atendimento, dos processos e do ambiente de atendimento, o chamado cenário. Tudo isso com foco no encantamento, que só pode ser gerado por conexões emocionais”, pontuou Jacqueline.

De acordo com ela, os sindicatos precisam se preocupar com seus associados (clientes) e entender que eles possuem necessidades e expectativas tangíveis e intangíveis, e que isso o faz construir uma percepção de valor do sindicato, que determina o nível de relacionamento e conexão que manterão com a entidade.

“Os sindicatos empresariais possuem prerrogativa legítima e legal como representantes da categoria a que estão ligados, porém, as mudanças que vêm se desenhando no cenário atual demonstram que há, cada vez mais, a percepção de concorrência, não só para a representação, mas especialmente para o atendimento de necessidades, impelindo ao entendimento e posicionamento como modelo de negócio que deve ofertar valor aos seus clientes para ser ‘consumido’ pelos mesmos”, diz ela.

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