Gestão de portos e terminais exerceu a principal influência negativa sobre o resultado do setor de serviços no país
Em agosto, o volume de serviços prestados no país recuou 0,9% frente ao mês anterior, após ter acumulado um ganho de 2,1% no período maio-julho. Esta foi a queda mais intensa desde abril de 2023, quando o setor retraiu 1,7%. Quatro das cinco atividades pesquisadas ficaram no campo negativo, com destaque para o setor de transportes (-2,1%). Com esse recuo, o setor de serviços se encontra 11,6% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 1,9% abaixo de dezembro de 2022 (auge da série histórica). Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e foram divulgados hoje (17) pelo IBGE.
O setor de transportes teve a maior influência no resultado e registrou taxa negativa em todos os modais: terrestres (-0,9%); aquaviário (-1,3%); aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).
Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, o resultado dos transportes foi puxado principalmente pelo recuo nas atividades de gestão de portos e terminais e de transporte rodoviário de cargas.
“A gestão de portos e terminais, que está dentro do subsetor de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, vem apresentando perda de fôlego há algum tempo, registrando um impacto importante na pesquisa. O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada”, destaca.
Lobo explica que, desde o pós-pandemia, o transporte rodoviário de cargas vinha apresentando crescimento de receita, em função, num primeiro momento, do boom do comércio eletrônico, que aumentou a demanda por frete rodoviário, e posteriormente, influenciado também pelo dinamismo da produção agrícola, que vem mostrando recordes de safra. O gerente ressalta, no entanto, que, historicamente, a produção agrícola é mais concentrada no primeiro semestre do ano. “Vamos observar como o transporte de cargas se comportará no segundo semestre com uma produção agrícola menos pujante”, declarou.
Por tipo de uso, o volume do transporte de cargas recuou 1,2% em agosto de 2023, após ter avançado 5,7% entre maio e julho. Assim, o segmento se situa 1,2% abaixo do ponto mais alto de sua série (julho de 2023). Já o volume de transporte de passageiros cresceu 0,7% frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, recuperando, assim, parte da perda de 2,0% verificada no período junho-julho.
Já os serviços prestados às famílias recuaram 3,8% em agosto, após acumular ganho de 4,8% entre abril e julho, registrando o segundo maior impacto negativo para o índice geral. “O setor agora devolve boa parte desse ganho, com a queda ocorrendo basicamente em restaurantes e hotéis, que são os principais componentes em termos de peso”, diz o pesquisador. Ele ressalta ainda que julho é mês de férias, quando as famílias aumentam o consumo por serviços de alimentação e hospedagem, elevando assim a base de comparação para o mês subsequente.
O setor de serviços prestados às famílias segue como o único a não superar o patamar pré-pandemia, operando 5,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020, após ter registrado no mês de julho o menor distanciamento já observado desde então (-2,1%).
O terceiro impacto negativo mais importante veio da atividade de informação e comunicação (-0,8%), que registra a segunda queda seguida, acumulando retração de 1,0%. “Essa queda se deu em função de perdas de receita de empresas que atuam com consultoria em tecnologia da informação e também em telecomunicações”, explica.
A atividade de outros serviços registrou o quarto impacto negativo (-1,4%), influenciada por uma menor receita vindo das corretoras de títulos e valores mobiliários e também das atividades de apoio à agricultura.
Por outro lado, a única atividade a registrar crescimento foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 1,7% em agosto, taxa mais intensa desde março de 2023 (3,8%). Nesse setor, destacam-se atividades de limpeza, atividades jurídicas e serviços de engenharia.
Essa queda do volume de serviços no país frente ao mês anterior foi observada na maior parte (19) das 27 unidades da federação. Entre os locais com taxas negativas, o impacto mais importante veio de São Paulo (-1,2%), seguido por Minas Gerais (-1,8%) e Bahia (-2,8%). Em contrapartida, Mato Grosso do Sul (7,5%), Paraná (0,4%) e Rio de Janeiro (0,2%) exerceram as principais contribuições positivas do mês.
No ano, o setor de serviços acumula alta de 4,1% frente ao mesmo período do ano passado. Já o acumulado em 12 meses foi de 5,3%.
Na comparação com agosto de 2022, serviços avançam 0,9%
O setor de serviços avançou 0,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, registrando a 30ª taxa positiva seguida, porém, a menor da sequência. Apesar disso, a expansão ocorreu em apenas duas das cinco atividades de divulgação e em 49,4% dos 166 tipos de serviços investigados, ficando pela primeira vez abaixo de 50% desde março de 2021, quando houve crescimento em 44,6% dos serviços investigados.
Entre os setores, os profissionais, administrativos e complementares (5,6%) exerceram o principal impacto positivo, seguidos por informação e comunicação (2,4%). Em sentido oposto, outros serviços (-6,2%) exerceu a principal influência negativa sobre o volume total de serviços. Os demais recuos vieram de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-1,2%) e de serviços prestados às famílias (-1,5%).
Atividades turísticas recuam 1,5% em agosto
Após a alta de 0,9% em julho, o índice de atividades turísticas recuou 1,5% em agosto. O segmento está 4,3% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 3,1% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
“Assim como nos serviços prestados às famílias, o agregado de atividade turísticas também foi impactado pela queda em alojamento e alimentação, influenciado por esse pós-férias de julho”, explica Lobo.
Sete dos 12 locais pesquisados acompanharam este movimento de retração.com destaque para São Paulo (-4,4%), Bahia (-6,1%), Pernambuco (-8,1%), Rio de Janeiro (-1,8%) e Rio Grande do Sul (-4,1%). No campo positivo, destacaram-se Paraná (2,6%), Goiás (1,8%) e Santa Catarina (1,1%).
Fonte: Agência IBGE Notícias.