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20 de junho de 2023

Mercado projeta primeira queda da Selic para agosto

Os analistas do mercado financeiro anteciparam de setembro para agosto a projeção para o primeiro corte da taxa Selic, segundo o Sistema de Expectativas de Mercado, base de dados do Boletim Focus do Banco Central. Para a reunião desta semana, a mediana ainda é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o que seria a sétima seguida, mas no encontro seguinte, que ocorre nos dias 1º e 2 de agosto, a maioria dos economistas já prevê queda para 13,50%.

Após a surpresa desinflacionária no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio (0,23%), no mercado de juros futuros, já haviam crescido as apostas de que o início do ciclo de queda da taxa básica de juros deve ocorrer em agosto.

Agora, os participantes da Focus se juntaram à corrente, reagindo aos dados de curto prazo mais favoráveis, mas também à melhora generalizada das expectativas inflacionárias, ainda que permaneçam desancoradas das metas.

Na pesquisa divulgada nesta segunda-feira, a expectativa para o IPCA – índice de inflação oficial – deste ano tombou de 5,42% para 5,12%, uma queda de 0,30 ponto porcentual em apenas uma semana. Para 2024, foco da política monetária, a projeção cedeu de forma modesta, de 4,04% para 4,00%.

Essas variáveis serão usadas no modelo de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta semana, o que sugere queda nas projeções oficiais do comitê. Na reunião de maio, estavam em 5,8% para 2023 e 3,6% para 2024 no cenário de referência.

Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que a inflação deste ano poderia ficar entre 4,5% e 5,0%. Se, oficialmente, a projeção do Copom cair para este nível, poderia ter um efeito, por inércia, em 2024, que é o atual foco da política monetária, aumentando as condições para uma queda de juros em breve.

As expectativas de inflação têm caído em reação a um conjunto de notícias favoráveis. Os dados correntes mostram que a desinflação está em curso, há deflação nos índices de atacado e a moeda brasileira tem se apreciado.

Além disso, a alteração da perspectiva de rating do Brasil pela S&P reduz o prêmio de risco, assim como a melhora na percepção no debate fiscal e da meta de inflação. Na semana passada, ainda houve outra redução dos preços da gasolina nas refinarias.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou, nesta segunda-feira, as projeções do mercado para corte da taxa Selic em agosto. “Já deveria ter sido em março. Vamos ver, vamos aguardar”, disse ao deixar a sede da pasta.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, criticou o nível dos juros no País, em entrevista ao Estadão. “Não há no Brasil nenhuma atividade econômica que possa pagar os juros tão elevados como estamos vendo hoje.” Ele diz também que, apesar de positivo, o pacote do governo para o setor automotivo terá efeito pequeno. “O que gera impacto no negócio de automóveis e caminhões é o crédito de prazo longo e a taxa de juros baixa. Além disso, vemos que a população está bastante estrangulada (financeiramente)”, diz.

O dirigente também avalia que o desacerto entre Planalto e Câmara, no início deste ano, gerou derrotas para o governo porque, nos primeiros cinco meses de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não puxou para si a articulação com os parlamentares. “Agora, a partir deste final de maio e início de junho, o presidente tomou consciência de que precisa participar mais dessas negociações com a Câmara dos Deputados e isso acaba indo por um bom caminho”, afirma Andrade.

A articulação de Lula, diz ele, será “fundamental” para que a reforma tributária caminhe na Câmara. Otimista com a perspectiva de aprovação da reforma, Andrade diz que tem visto entre os deputados “um sentimento” favorável à aprovação e defende que o governo trabalhe para aprová-la até o fim de julho na Câmara.

Ele propõe ainda que o governo se empenhe em aprovar com celeridade o acordo comercial entre Mercosul-União Europeia, em vez de insistir em ampliar possibilidades de exceção para compras governamentais (um ponto que poderia beneficiar a indústria). “O acordo já foi discutido por muitos e muitos anos, é o momento de virarmos essa página”, defende Andrade.

Fonte: Agência Estado

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