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26 de março de 2020

Banco Central passa a prever PIB estável em 2020 em meio à pandemia de coronavírus

O Banco Central (BC) revisou sua projeção para a economia brasileira em 2020 e passou a projetar estabilidade para o nível de atividade, ou seja, sem alta nem queda do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão anterior, divulgada em dezembro, era de expansão de 2,2%.

A nova estimativa consta do relatório trimestral de inflação e foi divulgada nesta quinta-feira (26).

O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

A mudança na projeção decorre dos impactos da pandemia do coronavírus, que têm interrompido a atividade econômica ao redor do mundo e aumentado o desemprego.

“A economia mundial, incluindo a brasileira, passa por momento de elevado grau de incerteza em decorrência da pandemia de coronavírus, que está provocando desaceleração significativa da atividade econômica, queda nos preços das ‘commodities’ [produtos básicos com cotação internacional, como petróleo e minério de ferros] e aumento da volatilidade nos preços de ativos financeiros”, informou o BC no relatório de inflação.

O Banco Central também reafirmou, no documento, que “continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária [relativas à taxa básica de juros e injeção e liquidez nos mercados], cambial [evitar distorções no mercado de câmbio] e de estabilidade financeira [acompanhamento da situação das instituições financeiras] no enfrentamento da crise atual”.

A nova previsão do BC ainda é mais otimista do que algumas instituições financeiras que já esperam retração econômica neste ano.

Na semana passada, o Ministério da Economia estimou uma expansão de apenas 0,02% do PIB em 2020, ou seja, um cenário ainda de estabilidade. Porém, a pasta também informou que está sendo previso cenário de recessão técnica em 2020, quando há queda do PIB por dois trimestres seguidos.

O Banco Central avaliou que “perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos, com o resultado afetado principalmente pela perda de ritmo do consumo das famílias e dos investimentos privados. Em 2017 e 2018 o crescimento foi de 1,3% em ambos os anos.

Inflação e taxa de juros

O BC também informou que a sua estimativa de inflação para 2020, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou de 3,5% (em dezembro do ano passado) para 2,6%.

Essa previsão considera a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo.

Em outro cenário, que considera taxa de juros (Selic) e câmbio estáveis, por sua vez, a previsão do Banco Central para a inflação oficial deste ano recuou de 3,6% para 3%.

As previsões estão em linha com as metas de inflação. Neste ano, a meta central de inflação é de 4% e terá sido oficialmente cumprida se o IPCA oscilar de 2,5% a 5,5%.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC pode reduzir os juros. Quando estão acima da trajetória esperada, a taxa Selic é elevada.

O mercado prevê que a inflação oficial fique em 3,10% este ano e em 3,65% para 2021 – projeções em linha com as metas.

Para 2021 e 2022, no cenário de mercado (Selic e câmbio projetados pelos bancos), o Banco Central projetou uma inflação de 3,2% e 3,3%, respectivamente. Em dezembro do ano passado, no relatório de inflação anterior, ambas ass projeções estavam em 3,4%.

Sobre a taxa básica de juros, que está na mínima histórica de 3,75% ao ano, o BC informou que vê como “adequada” a manutenção da taxa Selic em seu atual patamar.

“No entanto, o Comitê [de Política Monetária do BC, que define a taxa Selic] reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos”, acrescentou a instituição.

Medidas anunciadas

Nos últimos dias, a área econômica do governo tem anunciado uma série de medidas para garantir a prestação de serviços de saúde em meio à pandemia e para tentar frear os efeito da crise na economia e no nível de emprego:

  • Em 12 de março, o governo anunciou a antecipação do pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas, e a prova da suspensão de vida dos aposentados, entre outras.
  • Em 16 de março, anunciou três meses para depósito de FGTS, a antecipação da segunda parcela do 13º do INSS e o reforço Bolsa Família.
  • No dia 18 de março, informou que será liberado auxílio mensal de R$ 200 a autônomos e informais, em pacote de R$ 15 bi a “pessoas desassistidas”.
  • Em 19 de março, informou que pagará os primeiros 15 dias para trabalhador doente pelo coronavírus, e que planeja pagar um auxílio para os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos afetados pela redução de jornada e salários.
  • No dia 23 de março, a área econômica anunciou que o governo vai implementar um plano de mais de R$ 85 bilhões para fortalecer os estados e os municípios.

Fonte: G1 Economia

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