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31 de julho de 2018

País precisa de um plano de Estado para infraestrutura

O panorama de desenvolvimento da infraestrutura no Brasil é preocupante e precisa estar na mente de cada candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Essa é uma das conclusões apresentadas durante a última edição do E agora, Brasil?, realizado em 26 de julho, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

O projeto é promovido pelo jornal O Globo, com o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esta edição debateu o cenário atual da logística de transportes no País e teve a parceria do Valor Econômico.

Entre os convidados do debate, o ex-ministro César Borges, atualmente presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), afirmou que o Brasil perdeu a sua capacidade de fazer planejamentos em longo prazo e ressaltou a importância de investimentos na área de infraestrutura. “Cada novo governo tem uma forma de olhar para os contratos e compromissos já firmados, mas precisamos de um planejamento de Estado e não de governo. É preciso ter convicção de que não vamos avançar sem infraestrutura”, disse Borges.

O ex-ministro afirmou ainda que países que estão no topo dos rankings de competitividade também estão nas primeiras posições em desenvolvimento de infraestrutura. Os resultados do Brasil têm impacto direto na captação de recursos e na cadeia produtiva como um todo. “Como aceitar que a nona maior economia do mundo é um país que não oferece atratividade para o investimento externo?”, complementou César Borges.

Sistema rodoviário

Paulo Resende, professor do Núcleo de Logística da Fundação Dom Cabral (FDC), apresentou dados que mostram as péssimas condições da infraestrutura rodoviária brasileira. Segundo os dados, em 2015, 45,3% do tráfego rodoviário operava em “péssimas ou inaceitáveis condições de conforto e conveniência” (níveis D, E e F, no estudo da FDC). A previsão é que, se não forem feitos novos investimentos, o percentual chegue a 57,5% em 2035. “Temos 195 mil quilômetros de malha rodoviária no Brasil, mas esse sistema é uma casa velha que está desmoronando”, disse Resende. “O grande desafio brasileiro é olhar para o presente e para o futuro ao mesmo tempo, pois os problemas já se apresentam agora e podem piorar se nada for feito”, complementou.

Navegação e cabotagem

Um dos apoios para destravar o escoamento de produtos e o próprio desenvolvimento da infraestrutura nacional, a cabotagem é hoje vista como uma “contracultura” do setor, segundo a opinião de Cléber Cordeiro Lucas, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma). Para Cordeiro, a atividade de cabotagem absorve todos os problemas de câmbio e os reflexos do setor, além de emitir dez vezes menos dióxido de carbono do que as rodovias e três vezes menos do que as ferrovias. “Atualmente, todo o investimento em cabotagem vem da iniciativa privada. Não faz sentido jogar por terra um serviço eficiente para grande parte do Brasil como a cabotagem”, disse o vice-presidente do Syndarma.

Representante do governo no evento, o secretário especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos, disse que um pacto nacional entre os Três Poderes e o Tribunal de Contas da União seria fundamental, assim como o apoio da iniciativa privada, o que ele classificou de “imprescindível”.

O PPI foi criado em 2016 com a finalidade de ampliar e fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa privada por meio da celebração de contratos de parceria e de outras medidas de desestatização.

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