Os gastos dos brasileiros em hipermercados e atacarejos começaram a aumentar no Brasil já em fevereiro, em torno do avanço da pandemia do novo coronavírus no mundo e a chegada da doença no país, que registrou primeiro caso em 26 de fevereiro.
No mês, os consumidores aumentaram a frequência das compras e passaram a adquirir mais produtos. As vendas cresceram 4% e os gastos subiram 8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números são de uma pesquisa da consultoria Kantar obtida com exclusividade pela EXAME e revelam que, antes mesmo dos decretos de quarentena, que começaram a ser emitidos em março, a população já começava a se autoisolar.
“Muita gente já começava um movimento de trabalhar em casa e cozinhar mais vezes, para economizar com entregas delivery de almoço. Por isso, estão comprando mais alimentos”, diz Giovanna Fischer, Diretora de Marketing e Insights da Kantar. A pesquisa foi feita com 11.300 famílias de todo o Brasil.
A frequência da ida a um hipermercado ou atacarejo aumentou 7% em fevereiro. Os hábitos de consumo também estão mudando: 27% dos consumidores disseram estar buscando mais alimentos saudáveis e 23% estão comprando mais produtos de limpeza.
Dados de março, antecipados pela pesquisa à reportagem, revelam que cerca de 80% dos brasileiros estão saindo de casa somente para ir a supermercados e farmácias.
Nem todos aderiram ao comércio online. O delivery de alimentos e produtos para a casa é uma opção apenas para 7% da população.
A pesquisa também aponta que mais de um quarto das pessoas (23%) está trabalhando de casa, o que traz impactos importantes no consumo. “Para quem faz homeoffice, costuma haver uma queda no uso de xampu de 8%, já que muitas vezes a lavagem do cabelo é motivada por um compromisso de trabalho ou social”, afirma Giovanna.
A quarentena poderá levar os homens a fazer menos a barba, com possíveis reflexos na procura por cremes de barbear e produtos voltados ao cuidado da pele masculina. Segundo a Kantar, 32% do público masculino cuida da barba antes de participar de reuniões de trabalho ou eventos sociais. Agora, essas ocasiões passaram a ser mais raras.
Os hidrantes para as mãos, por outro lado, poderão ter um aumento das vendas – 26,5% das pessoas que responderam a pesquisa dizem sentir as mãos mais secas depois das lavagens, um cuidado essencial para conter a propagação do coronavírus.
“Algumas categorias de produtos poderão experimentar um aumento nas vendas”, diz Giovanna.
Fonte: Exame